quinta-feira, 17 de abril de 2014

Não Compre!


Ultimamente tenho refletido sobre o consumismo. Meu e alheio.
Teoricamente sabemos que nosso valor esta no ser  e não no ter, porém frequentemente voltamos para casa com sacolinhas inesperadas, e uma leve sensação de remorso substituindo efêmera felicidade.
Compramos sem necessitar, além da conta.
Uma frase que ouvi na semana passada foi o gancho para estacionar o carrinho de compras.

Magagascar - Art print de Patricia Pinto

- Gostar não é comprar! 
Tão simples, mas o fato é que nos precipitamos em direção aos caixas de supermercados, lojas de departamentos ou boutiques de luxo quando gostamos, não quando precisamos.
Para que a precipitação e impulso do momento vire hábito não requer muito esforço, ou tempo. Consumismo exagerado é  fato frequente no cotidiano, impedindo que dediquemos nossa energia, e saldo bancário, em atividades mais gratificantes, ou menos dispensáveis.


 Recentemente chamou minha atenção uma leitura  sobre jovem engenheiro que passou alguns anos viajando pelo mundo no mais espartano estilo mochileiro.
Ao retornar para o Brasil conseguiu  emprego de remuneração fixa, e relatava que seus gastos aumentaram na medida que se consolidava a permanência do salário.  Entretanto sem melhoria na qualidade de vida, pois as atividades prazerosas de contato com a natureza, boas leituras, meditação,  convívio pessoal, conhecimento de novos lugares e culturas se tornavam cada vez mais escassos.


O consumismo invadiu o espaço das atividades que realmente lhe davam prazer!
Esta reflexão iluminou meu pensamento!
Ponderações, leitura e troca de ideias me levaram ao  propósito de censurar minhas  compras, sempre; limitá-las  ao  realmente necessário.
Tarefa difícil! Condicionamento ao estilo Pavlov considerando que sou uma fervorosa admiradora da perfumaria, da criação fashionista, e que, além de me encantar com  arte, literatura, design, moda, perfumes e cosméticos adoro vasculhar no comércio real e virtual as boas oportunidades de compra. Quanta tentação!
Entretanto o  princípio básico é simples.


- Gostou do objeto, amou mesmo? 
 Pergunte-se da real necessidade.  Se você vive feliz sem, ou se é imprescindível para suas produções e espaços.
- Você consegue sobreviver não adquirindo?
 Esta tarefa que parece simples, mas não é, necessita de regras pré-estabelecidas que funcionem como âncora da impulsividade.
Uma amiga da minha filha, garota super hiper fashion, tem um hábito incrível. Elabora uma lista de peças que pretende (e precisa comprar),  raramente escapando do propósito definido.
Fiquei muito interessada na criação desta lista para a compra inteligente.
De simplicidade engenhosa é a resposta.
Ela separa  todos os looks e conjuntos de coisas relacionadas que são bonitas e chamam sua atenção. Analisa e reune pontos comuns entre as produções, destacando a  peça ou objeto que apareceu com mais frequência.


Brilhante!  Wishlist racional.
Destaca o que  será o foco real de desejo. Compra útil,  não apenas o fruto momentâneo  de impulso consumista.
Assim, continuarei minha busca incessante pelos aromas, porém a maior parte da minha experiência virá de amostras, recebidas, compradas, trocadas.
Ocasionalmente  me presentearei com um frasco perfumado da minha imensa wishlist, quando um dos meus amadinhos chegar ao fim.

DICAS
- Lembre que gostar não é comprar.
- Pergunte-se se realmente necessita disto 
- Faça uma lista de compras.
- Não vá ao supermercado com fome
- Não vá ao shopping se estiver deprimida ou com TPM
- Não vá ao shopping na semana  que você recebe salário 
- Saia sem talão de cheques e cartões de créditos ou leve apenas aquele com  o menor limite.
- Compare o preço do que pretende comprar com o valor de várias atividades que lhe dão prazer

PS: - Pense antes de ceder ao impulso da compra. A frase da hora é NÃO COMPRE! Mas se comprar for inevitável pesquise muito.  Procure pela qualidade e bom preço!

* Resenha postada no antigo Perfumes Bighouse em junho/2013 e reeditada para o presente momento.
Imagens: Janelas semelhantes as usadas no cenário de The Prestige; imagens vintage Pinterest 

8 comentários:

  1. Excelente Beth! Ultimamente tenho pensado muito no consumismo. Já fiz coisas absurdas, já fiquei no vermelho por conta do consumismo desenfreado. Mas descobrí que não se pode comprar aquilo que falta dentro de nós, como boa auto-estima e satisfação pessoal com nossas vidas. Comprar não é remédio para os males da alma. Hoje em dia valorizo meu dinheiro, faço compras conscientes, dentro do meu orçamento e priorizo o que mais amo nessa vida: viajar e conhecer novas culturas... e se eu souber economizar para isso, compro os cheirosos quando viajo... Bjo grande!

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    1. É isto mesmo Ju. Escrevemos sobre a perfumaria, os aromas que nos cativam e corremos o risco de estimular um impulso consumista que pode tornar a vida das pessoas muito difícil. Obviamente se alguém pode gastar, e quer mesmo, é um direito. Escolha pessoal. Entretanto existem ciladas que trazem dor-de-cabeça e a internet é uma vitrine imensa e tentadora. Faço minha parte jogando um pouco de água fria nesta fervura. O bom senso está no meio, já dizia minha avó... Beijocas de Elisabeth

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  2. Beth, sugou meus pensamentos! Percebi que quando estou insatisfeita com alguma coisa, a compulsão aumenta muito. Só que no meu caso, é só perfumes mesmo. Não acontece o mesmo com roupas, sapatos. Já aconteceu antes com maquiagem e esmaltes.
    Perdi o rumo no início desse ano. Agora, botei freio e me proibi comprar mais. Agora, só trocas, e de preferência, de amostras ou decants. É a melhor forma de conhecer novos sem gastar os tubos.

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    1. Oi Carla...Aconteceu de novo flor! É Karma. Respondi, vim aqui para responder outro e cadê sua resposta?
      Será que alguém sabe de uma boa benzedeira...hehehehe.
      Também tenho restringido as compras e caprichado nas trocas, nas amostras. Na verdade não tenho esta vontade de acumular frascos de perfumes. Adoro conhecer as fragrâncias. Tudo é fase. Porém...as vezes me encanto. Mas sigo uma regra. Perfume novo somente quando acaba um frasco que eu tenho ou em datas especiais.

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  3. Ótimo post, Beth! "Gostar não é comprar". Achei brilhante isso. Hoje mantenho o pé no freio, mas às vezes meu pé escapa, sabe como é? Pra ajudar, moro em cidade pequena, magrinha de perfumarias. Quando não descolo amostras, acabo comprando o frascão no escuro. Nunca me dei efetivamente mal (porque conheço meu gosto e pesquiso bastante), mas muita coisa eu não teria comprado se tivesse conhecido antes. Enfim, não justifica, mas me explica. rs

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    1. Ah eu sei Vanessíssima. Em maior ou menor grau quase todos nós resvalamos no consumismo. E a compra no escuro ainda traz uma certa emoção. Também controlo, mas tive fases...heheheh. Até fiz um post com dicas para esta compra as cegas. Porém não estimulo e deixo estes alertas porque sei que uma resenha desperta desejo. Eu pesquiso e leio bastante antes de encomendar algum que não conheço. O grande problema é que nós brasileiras (os) adoramos perfumaria e cosméticos, as importações são restrita e os impostos altíssimos encarecem demais o pouco que vem para as lojas. Acaba que nos aventuramos pelas fronteiras da internet.Beijocas querida.

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  4. Compartilhei este teu post no Face. Está muito bom, Beth. Vencida pelo ímpeto, entupi meus armários com frascos de perfumes que me renderiam mais duas vidas pra usá-los todos. Loucura total...Só vejo isto hoje! Alguns já até oxidaram. Nunca mais comprei perfumes. Aprendi! Controladíssima, agora...rsss.

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    1. Também passei por esta fase Ro. Apesar dos perfumes serem meu lado "B" estou controladíssima no momento. E quanto as outras coisas fashion e artísticas...estou exercitando todas as dicas para me tornar muito equilibrada ao comprar. O mundo está caminhando para um consumismo espantoso. Está na hora de brecar e descer. Consumo e moderação devem ser gêmeos inseparáveis!!!. beijocas flor :)

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