segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Florabotanica eau de parfum - Balenciaga


Espírito da fragrância 
Nos trópicos  da linha equatorial, sob céu azul límpido e infinito, despontam as ruínas da antiga cidade, sombreada e disfarçada pela vegetação selvagem em mil tons de verde...
Folhagem caleidoscópica  e flores perfumadas enfeitam a entrada do templo, na praça principal. No seu interior um segredo milenar.
Dentro da urna pergaminhos, surpreendentemente preservados, contam a história da maior riqueza  que poderia ser presenteada ao homem.
Revelam a flora, o imensurável valor botânico, descortinando ervas de aroma contundente ou misterioso,que nos trazem bem estar pelo simples fato de exalarem seus perfumes.

Percepção Pessoal
No primeiro encontro, numa perfumaria em Higienópolis - São Paulo, apresentou-se como floral doce e agradável, que persistiu na memória provocando a vontade de nova avaliação. E eis que o revejo, meses após, noutra perfumaria  no Batel-Curitiba.
Diversidade de  clima, situação e horário despertaram a percepção de explosão verdejante, condimentada, quase ardida, algumas vezes medicinal, porém  envolvente, das ervas que precedem uma delicada braçada de flores.
O acorde do topo é límpido, cristalino como  folhas orvalhadas nas primeiras horas da manhã. Estimulado pelo calor corporal, a semelhança do próprio astro-rei,  aprofunda-se na busca de refúgios próximo aos troncos, embrenhando na mata, esbarrando em resinas frescas, raízes balsâmicas  e folhas recentemente cortadas.
Agridoce... doçura agreste  que se desdobra em camadas sutis, reveladoras  das belas flores  cuja soberania é concedida à rosa anômala, verde e extravagante.
Se há frescor de hortelã no princípio, percebemos força de raízes,  vetiver,  resinas  e folhagens exóticas  na evolução.

Provavelmente o leve ardor presenciado nas circunvoluções do aroma sobre a pele se devem a interação das notas de cravo com ervas frescas e o floral abstrato concebido para a rosa.
Segundo os perfumistas  a sensação  de umidade advinda de madeira e musgos é conseguida através da miscigenação  da fragrância exalada pelas folhas de Caladium ( cheiro de hera+pimenta verde), vetiver e âmbar.
Convém anotar que todas as partes da folhagem ornamental do gênero Caladium são  venenosas e a nota aromática é uma concepção laboratorial, assim como a rosa amadeirada.
Na sequência, após desfilarem inúmeros tons verdes há um  final róseo, floral,  ambarado,  que transmuta do colorido vibrante  para o pastel delicado, doce e levemente amadeirado.

Prós e Contras
Visualmente é bonito e estranho, no tubo em listras  B&W, inserido dentro do frasco transparente, sólido, que sinaliza através do  design  inovador uma pesquisa, a captura de essência floral e botânica.
Não afinou com a minha visão do perfume, menos geométrica, apesar do verde afiado.


Similaridades
Não especificamente  uma fragrância, contudo evocou a lembrança dos acordes verdes da casa Pierre Balmain, e da rosa verde de Guerlain. Leitores de uma revista on line indicam semelhanças com a linha olfativa de L for Woman de Clive Christian, Prima del Teathro de San Carlo de Carthusia e Madison Square Park de Bond No 9.


Ficha Técnica
Família Olfativa: Floral verde, 2012
Gênero: Unissex
Perfumistas: Olivier Polge e  Jean Christopher Herault
Rastro: Intenso
Fixação: Muito Boa
Pirâmide Olfativa:
  • Topo - Hortelã
  • Coração - Rosa, cravo, folhas de caladium
  • Base: Vetiver e âmbar

Arte Irmã: Seria o livro  de ilustrações e citações botânicas de Robert John Thornton (1799) "O Templo de Flora"

Imagens: Robert John Thornton (1799) "O Templo de Flora" do site Jardim de Siguta,

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